Atualmente, sabe-se que o sentimento de descrença na política e nos políticos têm se tornado um processo cada vez mais comum ao redor do planeta. Não à toa, pesquisadores das mais variadas nacionalidades vêm dispensando particular atenção a esta problemática, principalmente as que tocam o campo da representação democrática.
Manoel Castells, por exemplo, assegura que a atual conjuntura política é permeada por inúmeras crises, que podem ser observadas através da precariedade nas relações de trabalho, desemprego, fanatismos de todas as ordens e restrições das liberdades, sob a justificativa de uma segurança vigiada. No entanto, a mais significativa dessas crises reside, para o referido autor, no colapso das instituições representativas, percebida nos campos emotivo e cognitivo.
Em outras palavras, ele atesta que o nosso modelo de representação e governança experimenta grave desequilíbrio, motivo pelo qual enfrenta a fúria das ruas e das redes sociais. Como consequência, surgem figuras políticas que negam a estrutura partidária e ampliam o abismo representativo promovendo o segregacionismo e o protecionismo por meio da cultura do ódio, exaltando as dissidências e esquecendo-se dos reais problemas sociais, políticos e econômicos que necessitam de urgente resolução.
A Câmara de Vitória não está isenta deste diagnóstico, isto é, padece, igualmente, da referida crise política, tal qual se reproduz no cenário nacional. Nesse sentido, ao incorporar uma agenda permeada por debates altamente marginalizados e improfícuos, tornou-se medida impositiva a decisão de nos afastarmos desta polarização, pois acreditamos que ela reside na contramão dos reais problemas dos cidadãos da nossa capital. Para tanto, nos posicionamos (e posicionaremos) sempre como alternativa aos polos, valorizando o diálogo, a política baseada em evidência científica, na pesquisa, bem como na prudente análise do mérito das propostas colocadas à mesa. Exaltando, portanto, a moderação e o respeito que devemos dispensar àqueles que pensam diferente de nós.
Nosso intuito é promover debates e discussões férteis, sempre examinando detidamente os custos, os benefícios e os impactos político-sociais das propostas oferecidas. Acreditamos que somente assim seremos capazes de nos posicionarmos de maneira republicana, democrática, transparente e equilibrada, sempre com o intuito de tomarmos decisões que, a nosso ver, favoreçam o desenvolvimento da cidade, conjugando liberdade econômica com justiça social.
Por tudo isso, sempre manifestaremos apoio aos projetos que economizem dinheiro público, reduzam gastos correntes e a burocracia, deem predileção a investimentos econômicos, cortem benefícios do Poder Público e invistam em segurança pública. Entretanto, se tivermos que onerar os cofres para reduzir as desigualdades sociais, concedendo apoio aos mais vulneráveis, investindo em educação em tempo integral, também o faremos, por óbvio.
A filosofia que atende aos anseios da democracia contemporânea não se furta de enfrentar problemas, não realiza prejulgamentos pejorativos e traz postulados científicos para o cerne da discussão, sempre considerando os interesses coletivos nas tomadas de decisão.
Sabemos que o papel primordial do parlamentar deve se concentrar no aprimoramento da democracia e no desenvolvimento das finalidades do Estado, resistindo a projetos que pareçam mal estruturados, inviáveis, ineficientes ou, até mesmo, carentes de mais debates e/ou maiores evidências para que sejam avaliados. Seremos verdadeiros entusiastas das boas propostas, independentemente do ator político proponente ou da sua ideologia. Afinal, vencer o estigma da discriminação política passa, necessariamente, por uma atuação parlamentar séria, que pense nos problemas da cidade e proponha soluções reais e exequíveis. Recuperar a confiança no sistema representativo é o caminho que escolhemos trilhar, a despeito de ser árduo. Podem confiar!
Leandro Piquet (Republicanos) é vereador em Vitória.
Data de Publicação: sexta-feira, 12 de novembro de 2021
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